Vítor Andrade, diretor-geral do iDEXO by TOTVS

Vítor Andrade, diretor-geral do iDEXO by TOTVS

Luiza Terpins
No Corre
Published in
8 min readApr 10, 2021

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À frente da iniciativa que conecta a TOTVS com startups, o executivo trabalha no ecossistema há 14 anos e tem passagens pela Oracle e Start-Up Brasil

Quem

Vitor Andrade. Sou pernambucano, torcedor do Sport, e trabalho há 14 anos apoiando a criação e o crescimento do ecossistema de startups no Brasil. Costumo brincar que trabalho com startups desde quando era “tudo mato”.

O que faz?

Sou Diretor Geral do iDEXO, a frente de inovação aberta e conexão com startups da TOTVS, maior empresa de tecnologia do Brasil. O iDEXO é a ponte entre startups B2B e o ecossistema da TOTVS, formado por suas 52 franquias, dezenas de parceiros e canais e seus mais de 40 mil clientes.

Em 3 anos de atuação já apoiamos mais de 80 startups em 12 segmentos da economia. Mais de 20 startups já se tornaram parceiras da TOTVS e solucionaram desafios de negócio de centenas de clientes.

Inclusive, quem tiver startup B2B com pelo menos 10 clientes e quiser se conectar com o ecossistema da TOTVS se inscreve lá no nosso site https://idexo.com.br/

O que fazia antes?

Divido minha trajetória em 3 fases:

  1. Fomento local com apoio a startups em Recife/PE entre 2007 e 2013;
  2. Fomento nacional com apoio a startups de vários estados e de startups internacionais no mercado brasileiro entre 2013 e 2016, e
  3. Aproximação de startups e grandes empresas desde 2017.

No período de 2007 a 2013 atuei em Recife, fomentando o ecossistema local de startups, um dos principais do Brasil. Liderei iniciativas de capacitação, incubação e atração de investimentos para startups early stage de Tecnologia da Informação e Economia Criativa. Algumas das startups apoiadas nesse período: Eventick, software para gestão de eventos que foi adquirida pela Sympla, InLoco (atualmente incognia), especialista na redução de fraudes com base em localização e MrPlot, empresa de audiovisual responsável pela criação do Mundo Bita, sucesso entra as crianças brasileiras.

Da esq. para a dir.: Falando no Mangue.bit; Happy Hour com empreendedores e aceleradoras do Startup Brasil em 2013 — Turma 1
1o demo day do Start-Up Brasil em 2014

Entre 2013 e 2016 fiz parte da equipe do Start-Up Brasil (fui o líder do programa entre 2015 e 2016), parceria público-privada que acelerou 183 startups de 17 estados e 13 países. Algumas das startups apoiadas nesse período: MaxMilhas, plataforma de compra e venda de passagens utilizando milhas aéreas, Agrosmart, startup referência em agricultura digital e LoveMondays (adquirida pela Glassdoor), plataforma que ajuda profissionais a encontrarem a melhor empresa para trabalhar.

Desde 2017, tenho trabalhado para aproximar grandes empresas e startups. Primeiro foi na Oracle, e agora na TOTVS. Acredito que é por meio dessa aproximação que grandes empresas podem ampliar sua oferta de produtos e serviços, startups podem escalar seus negócio para além dos clientes early-adopters e empresas de todos os portes podem ter seus desafios solucionados pela combinação de produtos de startups e grandes empresas.

Olhando para minha trajetória parece que planejei cada passo do que eu fiz, mas isso está bem longe de ser a verdade. Gosto de planejar, mas deixo muito espaço para intuição também. Cada passo acabou me preparando para o que vinha a seguir. É bem como Steve Jobs fala naquele discurso “Conectando os Pontos” para uma turma de formandos de Stanford.

Evento iDEXO Summit 2019

Como é um dia de trabalho?

Trabalhando com inovação é muito difícil ter um dia igual ao outro, mas tento dentro do possível garantir um bom equilíbrio entre o trabalho e vida pessoal.

Acordo em torno das 7h e faço algo para relaxar e esvaziar a cabeça: já meditei, mas tem alguns meses que tenho aderido ao hábito das morning pages, escrever 3 páginas com o que vem à cabeça sem qualquer filtro. Tomo café, faço algum exercício para “acordar” e tomo banho escutando podcast.

Em torno das 9h começo a trabalhar dando uma revisada no email, whatsapp e slack. Como líder do iDEXO, boa parte das minhas atividades está na interação com o time, agendas com executivos da TOTVS e empreendedores da comunidade de startups do IDEXO, e no desenvolvimento de novos projetos para aproximar startups, TOTVS e potenciais clientes.

Me desconecto do trabalho na hora do almoço e procuro não ficar até muito tarde entre reuniões e emails. Valorizo cada vez mais meu tempo sem reuniões para poder refletir e construir novas avenidas de crescimento.

Com meu pai no Museu do Futebol (antes da pandemia)

Qual tem sido o seu maior desafio de trabalhar remotamente em tempos de pandemia?

A pandemia acelerou mudanças que eu já vinha refletindo há algum tempo. Desde julho de 2020 saí de São Paulo e voltei a morar em Recife. Tenho aproveitado mais o meu tempo com a minha família e me dedicado a cuidar da minha saúde com uma alimentação mais saudável e prática de exercícios físicos,

Sem dúvida, o maior desafio é manter-se próximo das pessoas, mesmo quando estamos distantes fisicamente. Acredito bastante que o trabalho remoto veio para ficar, mas sinto falta de interações 1:1 com o time do IDEXO, colaboradores da TOTVS e startups.

Com a pandemia, as reuniões presenciais se tornaram remotas, algo que exige bastante da nossa mente e também nos mantém na mesma posição o dia todo. Tenho procurado reduzir o número de reuniões, mas ainda preciso evoluir bastante nesse ponto.

O que você costuma fazer nas horas vagas?

Por conta do aumento do tempo conectado, tenho procurado buscar mais atividades fora do computador. Tocar violão tem sido uma das minhas terapias durante a pandemia e também aderi a uma rotina de exercícios físicos (quase) todo dia.

Tenho procurado passar mais tempo com a família, algo que não acontecia desde a minha mudança para São Paulo.

Sempre fui um entusiasta de podcasts, mas durante a pandemia aumentei consideravelmente o consumo de podcasts, especialmente aqueles sobre negócios e tecnologia (Astella Playbook, Growthaholics, Produto pelo Mundo, CaféComigo), mas também tem espaço para outras coisas (Flow, Inteligência Ltda, NaQuadra).

Tem também um bom espaço para assistir vídeos de stand-up comedy e quase todos os reality shows de música como The Voice, X Factor, Got Talent, de vários países inclusive ;)

O que te ajuda a ser mais produtivo?

Um hábito que tem me ajudado bastante é não ficar com muita coisa na cabeça. Sempre que tenho uma ideia procuro documentá-la em áudio, texto ou desenho.

Tenho usado bastante to-do lists, avisos no calendário e a função de adiar uma mensagem para outra data e horário, para gastar energia em algo na hora certa. Muitas vezes gastamos bastante energia com coisas que só precisam ser feitas mais pra frente e isso acaba atrapalhando aquilo que é mais importante e urgente no momento.

O que ou quem tem te inspirado?

Os empreendedores e empreendedoras com os quais trabalho são uma grande fonte de inspiração pra mim. Admiro pessoas que querem construir algo grande que pode mudar a forma como as coisas são feitas, gerando valor e impacto para a sociedade.

A pandemia demandou ainda mais resiliência dos empreendedores e empreendedoras e, mesmo num cenário bastante adverso, vários deles responderam com o lançamento de novos produtos e serviços, contratação de pessoas e captação de novas rodadas de investimento.

Missão London Technology Week pelo Startup Brasil

Quais são os aplicativos/ferramentas que você tem mais usado e por que?

No trabalho:

  • Google Workspace: email, meet, docs…para facilitar o dia-a-dia no trabalho. Uso bastante o Google Keep para ter sempre minhas ideias documentadas e disponíveis na nuvem e o Tasks para ter a to-do list já integrada no calendário.
  • Airtable: para não deixar passar informações sobre startups, TOTVS e processos do IDEXO. Tem funcionado como a “memória” do IDEXO

Na vida pessoal:

  • Spotify: para ouvir música de todos os estilos e muito podcast.
  • Cifra CLub: essencial para quem quer aprender a tocar músicas no violão. Recomendo bastante. Obs: eles têm também um afinador para ajudar a afinar o violão.
  • Redes sociais, especialmente Linkedin e Instagram para me manter conectado
Com a família no México em 2016

Quais são os maiores desafios de trabalhar com inovação entre startups e uma grande empresa?

Aproximar-se de startups é estabelecer um relacionamento e buscar um caminho em que todos saiam ganhando.

Nesse relacionamento, o principal desafio ainda é cultural, pois startups e grandes empresas são “bichos” muito diferentes e isso gera diversos ruídos de comunicação. Deixar todos na mesma página é essencial para as coisas avançarem. Em qualquer iniciativa para iniciar ou ampliar o relacionamento com startups, é importante reservar tempo e recursos para ações de cultura de inovação e aproximação de executivos-chave da companhia.

Um erro comum em iniciativas de inovação aberta é considerar que todas as áreas da companhia estão no mesmo estágio em termos de preparação para se relacionar com startups. Isso não é verdade. Assim como fazem as startups é importante encontrar os “early adopters” corporativos. Defendo bastante a ideia de buscar algo que não escala no começo, fazer um case e depois expandir, pois assim, todos os envolvidos sentem que o processo está avançando e se tornam aliados para os próximos passos. Além disso, áreas que não estavam tão próximas começam a se aproximar de forma orgânica.

Um segundo desafio é ter clareza de objetivos nessa relação. São inúmeras as possibilidades que surgem quando uma grande empresa e uma startup se relacionam (mudança cultural, contratação, parceria, investimento, aquisição), mas é importante ter foco para começar. O recurso mais escasso de todos os envolvidos, especialmente das startups, é o tempo, então gastar o tempo no lugar pode destruir o valor dessa relação ou até mesmo “matar” a startup.

Outro grande desafio é manter-se atualizado diante de tantas mudanças. O profissional de inovação precisa estar constantemente atualizado sobre o que está acontecendo no mercado e estar atento a sinais ainda fracos de mudança. Sinais fracos normalmente não estão nos livros, então o desafio é estar conectado com quem está liderando essas transformações. Tento manter uma agenda frequente de conversa com empreendedores, investidores, hubs de inovação e colaboradores da TOTVS para acompanhar novos movimentos.

O ecossistema brasileiro de startups está evoluindo de forma acelerada e isso vai exigir bastante dos profissionais e empresas que querem potencializar esse relacionamento.

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Gabriel Engel, CEO da Rocket.chat

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Sobre o nocorre:

Oi, aqui é a Luiza Terpins, criadora do nocorre. Desde 2018 eu bato papo com pessoas que estão na correria para fazer um projeto acontecer e conto aqui suas trajetórias e bastidores. O meu corre atualmente é na Além, onde sou co-fundadora e head de conteúdo. Antes, fui head de comunicação no iDEXO by TOTVS e jornalista na revista da GOL (Trip Editora). Você também me encontra no Linkedin e no Instagram :)

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